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segunda-feira, outubro 20

Outros Artistas 1973


Cerca de vinte anos após, esta série de artigos publicacados em "O SECULO ILUSTRADO" de 1947, relevando as acções do Major do Exército de Salvação, era evidentemente desconhecida do Pessoal da Porcalhota. Mas, quem é que não se lembra de HENRI CHARRIÈRE, "O PAPILLON"..?
Corriam próximas dos 20 anos, as nossas vidas de "putos", sócios da Filarmónica da Porcalhota, quando as terríveis desventuras do Prisioneiro da Ilha do Diabo, começaram a fazer parte integrante das nossas conversas nas nossas noites de convívio (1968 ou 1969) na Sociedade Filarmónica.

No intervalo de um torneio de ping-pong ou no decurso de um desafio de bilhar às três-tabelas, ou no rescaldo de mais uma sessão de bailarico no salão, lá vinham à baila os pormenores da narrativa do Papillon, que um ou outro de nós (nem todos se podiam dar ao luxo de comprar um livro) andava a ler.
Foi feito um filme (1973) baseado na história, que nunca cheguei a ver. O que eu retenho ainda na memória foram algumas descrições do livro, que putos mais letrados, como o Quim, faziam para satisfação da curiosidade dos outros mais ávidos de curiosidade, como o Zé Machão.
De entre essas narrativas e pormenores, lembro de entre os mais escabrosos, o sistema de economias, "o governo", escondido dentro do intestino dos prisioneiros, e dos mais felizes, a idílica passagem, do herói, uma vida familiar com uma nativa das belas praias da Guiana.

5 comentários:

  1. Quando enbarquei no navio Niassa fui obrigado a lembrar-me da viagem que ele também fez num navio de prisioneiros.
    Acho que ele nessa viagem teve vantagem sobre a minha.

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  2. Bicho:
    Fizeste-me pensar nas muitas "ilhas do Diabo" que, ainda existem. Algumas conhecidas, outras ignoradas. Quantas serão?
    Faz horror pensar nisso.
    Faz pensar, se teremos direito, de nos entregarmos a neuras, problemas, pequenas infelicidades.
    Hoje, deste-me uma lição. Percebi, que não posso ou, não devo entregar-me, "aos estados de alma", como diz a Cristina. Se toda a gente tivesse o que eu tenho, (não estou a falar em bens materiais) o mundo seria melhor. Mas então, porque é que às vezes, me sinto completamente submersa, por uma tristeza, uma saudade, que nem eu sei de onde vem ou, porque vem.
    Nâo ligues. Isto passa. Talvez amanhã ou depois, eu volte a ser, a Maria feliz, contente com a vida. Hoje e amanhã, só vejo cinzas, tudo o que restou de um homem bom, que foi meu pai.
    Desculpa o desabafo.
    Beijo
    Maria

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  3. Novas prisões secretas dos EUA no mar alto
    Os EUA preparam-se afanosamente
    para esvaziar a prisão de
    Guantánamo com vistas ao seu
    próximo encerramento. Nesse
    sentido, o Pentágono e a CIA já
    organizaram um vasto sistema de
    centros de tortura e de prisões
    secretas, em condições ainda
    piores.
    O facto é revelado pela associação
    de juristas britânicos Reprieve, a
    mesma que fez a recente denúncia
    pormenorizada dos voos secretos
    da CIA. Segundo este documento,
    agora divulgado pelo jornal bri-
    tânico The Guardian, Washington
    terá tomado a decisão, para escapar
    a qualquer sanção judicial, de instalar
    as suas prisões secretas em porões
    de navios de guerra a navegar em
    águas internacionais. Foram identificadas
    17 dessas novas prisões,
    incluindo os navios USS Ashland,
    USS Bataan e USS Peleliu. Trata-
    -se, em geral, de navios de desembarque
    ou de assalto que têm a
    particularidade de possuir porões
    fáceis de adaptar, onde os prisioneiros
    são fechados em gaiolas
    alinhadas. Calcula-se que são já
    cerca de 26 mil os detidos nestes
    “estabelecimentos”.
    Desde 2001, terão já transitado 80
    mil pessoas pelas prisões secretas
    dos Estados Unidos. Além disso, a
    Reprieve identificou mais de 200
    novos casos de “transferência
    extraordinária”, isto é, de raptos e
    prisões ilegais, desde que foi
    publicado pelo Conselho da
    Europa o relatório de Dick Marty e
    desde as promessas de George
    Bush de que os EUA abandonariam
    essas práticas.
    Guardian / VoltaireNet / MV

    XL

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  4. XL
    Era precisamente aì, que eu queria chegar. Obrigada, por ter dito, o que eu não fui capaz. Já não é a primeira vez que, isto acontece. Muitas vezes, é no que você escreve que, encontro aaquilo que eu queria ter dito.
    Maria

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  5. Lembro-me muto bem do Papillon que o saudoso Xico Teixeira trazia sempre debaixo do braço. Leu-o várias vezes.
    É um relato extraordinário mas sabes uma coisa? Encontrei-o várias em Paris em 1969 e 1970, em programas de televisão e sessões de autógrafos e fiquei com alguma impressão que a "estória" muito bem descrita, não podia ter saído dos subúrbios da sua depauperada formação intelectual. O personagem não tinha nada a ver com o herói que eu havia sonhado. Charriére era afinal um chulo sem grande renome nos meandros do Pigale. Constava-se nos "mentideros" que ele tinha uns ouvidos sempre atentos e que grande parte das suas aventuras não terão sido por ele protagonizadas. É uma mistura de aventuras colectivas passadas à primeira pessoa duma falsa borboleta.
    Ele terá morrido a tempo de se livrar dalguns enxovalhos pois morreu no ano em que o filme foi estreado e que a mim me decepcionou por completo, pois qualquer semelhança entre o livro e o filme era pura coincidência.
    No entanto não deixa de ser o meu herói e dou-lhe o benefício da dúvida.
    Ainda há dois ou três anos voltei a ler o livro e ... voltei a gostar!

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