archivo histórico

Sr. Luis de Castro
Regente da Banda Filarmónica em 1912, no tempo em que foi inaugurado o primeiro espaço de diversão "rink de patinagem acimentado" que deu lugar depois aos Recreios Desportivos da Amadora.

A Praia da Amadora - escrito duma publicação local "A VENTEIRA":

Quem é que ainda não ouviu, a creaturas que desejam fazer espírito, alcunhar de praia esta pequena povoação, que a natureza fadou com predicados mais elevados do que a maioria das terras banhadas pelo mar? Certamente que os srs. Santos Matos e António Correia, que foram os pioneiros da Amadora, que muito lhes deve, não quiseram jamais operar o milagre de trazer até cá o mar, ou levar até ao Oceano este aprazível arrabalde.

Mas, se quisermos confrontar, sem paixões, a Amadora com certas praias, teremos que constatar que aquela lhe é inteiramente superior. Os ares são dos melhores, a água é abundante e saudável. O asseio da povoação, o sossego, o conjunto, enfim, tornam-na aprazível e até sui generis das povoações de Portugal.

Não há pelas ruas mendigos, nem rapazes sujos e rotos, com os dedos metidos no nariz, tirando dele o que um nariz encerra, nem se ouvem as mulheres na via pública mimosearem-se com vocabulário de fazer corar um porta-machado.

Digam-nos lá os parvos que fazem espírito com a Praia da Amadora, qual foi ou é a Praia de facto que em Portugal teve quem, sem visarem o maná de uma roleta, ou a gatunice de uns dados falsos, empregasse o seu dinheiro na construção de um edifício modelar, com os atractivos dos Recreios Desportivos, com salão de festas, patinagem, tennis, jardins, etc.

A Praia da Amadora!! Com praia ou sem ela, o espírito vive, naquelas lindas noites de verão, calmosas e luarentas, em que o recinto dos Desportivos regorgita de senhoras e de crianças, que ali vão gozar o conforto d'uma instalação modelar, que nas praias raramente se encontra, e sem receio de que os maridos e os filhos lá deixem a bolsa e a honra.

(pesquisas: texto, Severino; imagem, R. Salvador)