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quarta-feira, dezembro 13

Outros Artistas 24



(Chronicles of New York, by Bruno Ribeiro)

O Gambuzino (parte 4)

Ainda não eram um quarto para a meia noite e já passavam quarenta e três minutos das onze. Do John nem sinais, mas da moto sim. Estava caída no alcatrão, a meio da curva que ligava a bomba de gasolina e a outra coisa qualquer, tombada para a esquerda.

- "Quem e que leva a mota do Jonh?" Alguém perguntou.

O vivaço apressou-se a pô-la de pé.

Foram-se todos embora.

No outro lado da curva que era o lado de lá e ligava a bomba de gasolina e sei lá o quê, ninguém procurara o John, pois a carpideira apressara-se a dizer que o corpo voara.

É aí que deitado, John abre um olho e depois outro e outro. Não, eram só dois. Tenta levantar o pescoço e, por entre o arvoredo focalizar o olhar no alcatrão por debaixo das luzes do candeeiro que iluminava a agora metade da estrada de alcatrão e metade de macadame que os homens do alcatrão tinham estado a alcatroar e procurar a mota.

Percebe então que a mota não estava lá. Já não ia trabalhar.

Olha para o relógio que já não trazia. Não era decerto meia noite.

Sente frio. Não estavam 37 graus.

Tudo era agora branco. Não estava escuro.

Tenta sentir o chão. Já não estava no Algarve.

A preta não foi para Moçambique.

(the end)

3 comentários:

  1. E dizem que não há gambuzinos!!!
    Estes três, da foto, já estão mais para lá, do que a preta que partiu para Moçambique.
    Eu acho que o gambuzino é o do meio.
    Parabéns Bruno pela crónica e obrigado Gigi/Bicho, pela publicação da dita.

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  2. GRANDE BRUNO.
    VEM MAS É CONTAR ESSE CONTO AO VIVO.
    EM JANEIRO!!!
    AGUARDAMOS UMA SURPRESA.
    ABRAÇO E BOAS FESTAS!
    JOTACÊ

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  3. Bonita hestória,
    GRANDES LAICAS.

    FESTAS FELIZES
    Abraços

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