Páginas

terça-feira, julho 31

Por onde vou


Abraços para o Pessoal!

Desta vez por Odemira
Outra vez em outro lado
Não sei para onde vou
Não sei porque volto


Não sei quando volto?

6 comentários:

  1. Cântico negro

    José Régio


    "Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
    Estendendo-me os braços, e seguros
    De que seria bom que eu os ouvisse
    Quando me dizem: "vem por aqui!"
    Eu olho-os com olhos lassos,
    (Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
    E cruzo os braços,
    E nunca vou por ali...
    A minha glória é esta:
    Criar desumanidades!
    Não acompanhar ninguém.
    — Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
    Com que rasguei o ventre à minha mãe
    Não, não vou por aí! Só vou por onde
    Me levam meus próprios passos...
    Se ao que busco saber nenhum de vós responde
    Por que me repetis: "vem por aqui!"?

    Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
    Redemoinhar aos ventos,
    Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
    A ir por aí...
    Se vim ao mundo, foi
    Só para desflorar florestas virgens,
    E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
    O mais que faço não vale nada.

    Como, pois, sereis vós
    Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
    Para eu derrubar os meus obstáculos?...
    Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
    E vós amais o que é fácil!
    Eu amo o Longe e a Miragem,
    Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

    Ide! Tendes estradas,
    Tendes jardins, tendes canteiros,
    Tendes pátria, tendes tetos,
    E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
    Eu tenho a minha Loucura !
    Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
    E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
    Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
    Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
    Mas eu, que nunca principio nem acabo,
    Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

    Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
    Ninguém me peça definições!
    Ninguém me diga: "vem por aqui"!
    A minha vida é um vendaval que se soltou,
    É uma onda que se alevantou,
    É um átomo a mais que se animou...
    Não sei por onde vou,
    Não sei para onde vou
    Sei que não vou por aí!

    xl

    ResponderEliminar
  2. Isto é mesmo muito bonito e não é um XL,mas,sim um grande XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXL
    Beijos da Maria e boas férias para todos

    ResponderEliminar
  3. palmas p o XL :)
    ... o bicharoco, já não nos liga nenhuma!

    ResponderEliminar
  4. E~tão puto Gigi, andas muito saído.
    Pode ser que os ares do campo te levantam a moral.
    Respira fundo, que o mundo está infectado.

    ResponderEliminar
  5. Já tenho saudades de ouvir o XL a declamar este Régio poema.
    Fica a promessa que o fará no próximo encontro.

    ResponderEliminar
  6. Isto não é,
    um XL qualquer
    é um XL da Rua Macau.
    Grande Abraço

    ResponderEliminar