quinta-feira, dezembro 16

Porcalhota, anos 50

Nº 108 da R. Elias Garcia.
Quem tiver interesse e paciência para ler os textos deste blog em que se fala de coisas da Porcalhota, apercebe-se com certeza das inúmeras referências às Tabernas da região. Pode então pensar, então, “filho de taberneiro…”.
Mas não é (só) por isso. Na verdade as tabernas da Porcalhota (assim como em outros lugares) até 1960, eram o ponto de encontro dos vizinhos. O local de paragem para descanso dos viajantes. O sitio onde se ouvia a Rádio - a “Parada da Paródia” dos “Parodiantes de Lisboa”, todos os dias à hora do almoço.
O local onde se falava sobre as últimas novidades da terra e do País e só não havia comentários políticos porque a PIDE tinha ouvidos em todo o lado e, nunca fiando, entre os presentes poderia sempre estar um informador. (A propósito disto, lembro-me de um aviso que a minha mãe me fazia, quando eu já ia sozinho para a escola em Benfica, - "Luis Manuel, não pegues em papeis impressos que aparecem às vezes aí espalhados pelas ruas. É muito perigoso ser apanhado com essas coisas escritas contra o governo").
Durante o dia era sala de estar para os desocupados. Era uma espécie de gabinete local do desemprego. Posto de correios para alguns trabalhadores sem morada certa. Serviço de informações para visitantes à procura de alguém ou de algum serviço.
No fim do dia, ali se passavam algumas horas de lazer - ainda não havia televisão em casa frente ao sofá – um bagacinho para a digestão, um joguinho de cartas e no fim da noite mais um bagacinho para a sossega. Às 10 da noite, tudo para rua e porta fechada, que a fiscalização era a sério.
As Tabernas eram assim uma espécie de “marcos miliares” da estrada que ligava Lisboa a Sintra, a Rua Elias Garcia. Quando se pretendia indicar o local de um acontecimento ou a morada de alguém era normal utilzar como referência uma Taberna ou os outros marcos significativos da Porcalhota:
- O Chafariz, a Ponte sobre o rio, a Filarmónica e uma ou outra Quinta.

3 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

A ultima vez, no infeliz dia do velório da sempre querida e omnipresente Ti Joana ( esposa do Ti Lexandre ) fui jantar à Dª. Fátima ( Argola Dourada ) ou seja no local que a foto documenta , e por vezes gosto de lá ir , comidinha caseira , ambiente saúdavel e agradável. O curioso disto é que ambas foram sua
( sua - entenda-se Sr. Luis )pertença ou, dos seus . Seu ... Taberneiro .. Lol
Pintelho

16/12/04, 20:45  
Blogger O Bicho disse...

"Argola Dourada", tem piada, na fotografia original ainda se consegue ver bem na cantaria da ombreira da porta a argola de ferro que servia para prender os animais à entrada.

16/12/04, 21:32  
Anonymous Anónimo disse...

A MOTO!!! EU QUERO A MOTO!!!
abraço jc

17/12/04, 01:23  

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