Carta de Passeante 2
SEGUNDO - "A FESTA"
“Vamos a despachar, que já são horas”, disse ele para os seus botões, enquanto enxotava um punhado de barulhentas gaivotas que sobrevoavam lancha pousando à vez na amurada. Vinham ao cheiro das sobras da pescaria.
Não iam ter sorte nenhuma desta vez. As redes já estavam limpas, não sobrava nada de peixe miúdo para atirar ao mar.
“Vamos a despachar, que já são horas”, disse ele para os seus botões, enquanto enxotava um punhado de barulhentas gaivotas que sobrevoavam lancha pousando à vez na amurada. Vinham ao cheiro das sobras da pescaria.
Não iam ter sorte nenhuma desta vez. As redes já estavam limpas, não sobrava nada de peixe miúdo para atirar ao mar.
A atenção do velho marinheiro, conhecido, lobo do mar das Berlengas, foi desviada para terra por um inusitado som de guisos e batucadas. Em redor da estátua do pescador que guarda a entrada no porto de mar, um grupo de cachopas na sua voltinha turística pelo litoral de Peniche, desataram numa algazarra, cantando:
Esta terra tem cheiro de flores e de mar.
Cheira bem, cheira a sardinhas...
Uma gaivota voava, voava,
a grande parva, não se cansava.
EFERREÁ... Á! EFERREÉ...É!
Eram p’raí uma dúzia, ou mais, as pequenas da Tuna Académica ESTSEL, que ensaiavam as vozes e as pandeiretas para a animação do espectáculo em que iriam participar logo mais à noite noutros festejos da Sra. dos Remédios, no Lugar da Areia Branca.
E lá vão elas, trajadas à maneira, saia casaco, camisa branca e gravata (as veteranas) e o vulgar pijama (as caloiras). Todas envoltas nas suas capas negras, também vão assistir à procissão.
Logo mais, no Santuário, o Ti Jaquim ainda não sabe que, irá ter o privilégio de ver, uma novidade na procissão - a que não falta há mais de 40 anos – quando as “estudantas” estenderem as suas capas forrando o chão do caminho por onde passa o andor com a Nossa Senhora.
Este gesto das raparigas viria a comover francamente a Dona Arminda e não só; muitas outras avós e mães se emocionariam até às lágrimas naquele momento de fé e dedicação.
Mas isso, sou eu o narrador a contar antecipadamente, porque ainda falta uma hora ou mais para começar a missa na capela antes do desfile da santa no seu andor.
Este gesto das raparigas viria a comover francamente a Dona Arminda e não só; muitas outras avós e mães se emocionariam até às lágrimas naquele momento de fé e dedicação.
Mas isso, sou eu o narrador a contar antecipadamente, porque ainda falta uma hora ou mais para começar a missa na capela antes do desfile da santa no seu andor.
Pela marginal junto ao cais, passa agora a camioneta com os músicos; é o “cavalinho” que vai levar o indispensável colorido sonoro aos festejos.
1 Comentários:
Estoirem os foguetes, que a festa vai começar!
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