segunda-feira, novembro 9

Os Muros

BERLIM



CAIU O MURO.
VIVA O MURO!
Berlim, na comemoração dos 20 anos da cidade "reunida", foi palco de uma grande festa, extraordinária manifestação de alegria, de esperança na paz da Europa.
Festejar efusivamente a destruição de um "monumento", deve ser caso único no mundo, ou talvez não...
Também eu, enlevado no espírito colectivo de fraternidade, perante tal evento, não resisti a guardar uma recordação:
meu pequeno pedaço de história contemporânea da Europa é constituido por 4 ou 5 gramas de cimento do "Muro de Berlim", ligeiramente colorido de um lado.  Está dentro de uma rodelinha de plástico, embutida no Postal Ilustrado com uma expressiva fotografia de um dos momentos empolgantes que tiveram lugar no "Checkpoint Charlie" ao longo da existência do fatídico muro.
Para dizer a verdade, acerca das minhas memórias do "Muro da Vergonha", recordo muito vagamente as notícias da sua construção. Nessa época, eu vivia num mundo muito distante da Europa - a Porcalhota.
Em 1961, a minha atenção estava mais voltada para as partidinhas de Bilhar ou Ping-pong, na Sociedade Filarmónica. Por isso, o "Telejornal" não era coisa que despertasse muito interesse a putos de 12 ou 13 anos, como eu que naquela altura ainda gostavam de brincar na rua "às escondidas" e "à apanhada".

Do que me lembro de então ouvir falar, era na "Cortina de Ferro", mas... isso também era assunto que não me causava grande preocupação - confesso que pensava erradamente, é certo, «Isso é lá para muito longe da gente. Não me aquece nem arrefece!»

Em contrapartida, houve um outro muro que desde sempre representou um problema para mim (e para os outros putos da minha rua) - foi o muro da Quinta do Assentista. Esse sim, nunca mais vou esquecer, pois era o grande obstáculo que nos separava das deliciosas Nêsperas (Magnórios, para o pessoal do norte) que pendiam apetitosas, coradinhas pelo sol, nas grandes nespereiras que sobrepassavam os altos muros da histórica quinta da Porcalhota.
Desse muro, não guardo nenhum bocadinho - ele não foi destruido, ainda lá está a proteger a fruta, apesar de hoje em dia, haver poucos putos com ideias de ir à "chinchada" - o que guardo é uma ou duas cicatrizes nos joelhos, resultado das esfoladelas ao escalar o famigerado muro.

4 Comentários:

Blogger Maria disse...

Bicho:

Caiu um muro de Berlim, ficaram outros. Alguns, talvez os que nunca vão cair, nem são de arame farpado, nem de pedra, nem vísiveis sequer, vão continuar a dividir a Humanidade para sempre.
Os piores, são os que às vezes, nos rodeiam e não vemos.
Beijinhos

10/11/09, 16:59  
Blogger Kim disse...

Eu também lá esfolei os joelhos e não só.
Ia à procura de nêsperas e vinha de lá com tomates na mão.

10/11/09, 23:34  
Anonymous Anónimo disse...

No meu tempo, já eramos corridos a Sal, que brotava da caçadeira do caseiro de entao... Modernices.. :)

Pantas

15/11/09, 00:16  
Anonymous Anónimo disse...

1961
Sociedade Filarmónica:...partidinhas de Bilhar ou Ping-pong..."

"...o muro da Quinta do Assentista" Muito longe fiquei a cheirar as nesperas embora fora de epoca..........

Bons tempos!!!!!!!!!!!!!!

07/12/09, 01:44  

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