segunda-feira, janeiro 7

Comerciantes da Porcalhota

Arq. CML
Do arquivo da CML - Fotografia da esquina da R. Elias Garcia com a Trav. da Falagueira, frente ao sítio onde estava então o Chafariz da Porcalhota - a Mercearia /Taberna do Oliveira.

Do arquivo da SFRAA - Letra de um Fado/Cantiga de Escárnio e Maldizer, composto e interpretado pelo autor, Manuel Reis, acompanhado a "água-pé" no palco da SFRAA, em Mil Novecentos e Cinquenta e Tal.

Comércio da Porcalhota

Nas minhas lides fadistas
Fui fazer umas entrevistas
Ao comércio aporcalhado.
E se me dão a liberdade
De dizer toda a verdade
Vou contar o resultado.

Comecei pelo Zé do Abreu
Que, quem afirma sou eu
É homem de simpatia
Mas p'ra sugar os malteses
Com a sobra dos fregueses
Faz pasteis p'ró outro dia.

O amigo Alfredo Cortador
Mais o Jaquim Ferrador
São do grupo dos carecas.
Eram bons para ser sócios.
Com eles não quero negócios,
Senão, punham-me em cuecas.

O Teixeira é tão honrado
Que pesa o Carvão molhado
E aos pobres nunca dá esmola.
Mas olha que ele já quiz
Acartar com o Chafariz
Para dentro da Cartola.

O Henedino Morais
É da colecção dos tais;
A freguesia que o diga:
Põe serradura no Pão,
A balança tem travão,
E ele a criar barriga.

O Silvino presenteiro,
Deixou de ser Padeiro
Para se pendurar no sogro.
E agora também o China
Faz chi-chi na Gasolina
Pra ela render o dobro.

O Zé Peixoto Amaral
É um fulano original
Que gosta de discursar.
Mas o seu grande sarilho
É que o malandro do filho
Resolveu não trabalhar.

O António da Mercearia (*)
Que sobe, de dia pra dia
Veio da terra, um patinho.
Eu nem sei de que maneira
É que aquele valsa rasteira
Mete o urso ao Zé Povinho.

São todos homens de bem
Não fazem mal a ninguém
Enquanto esta vida dura
Pra eles não há fadiga
Lá vão enchendo a barriga
Ficando nós na pendura.
..
(?) Ele recorda a letra e da música, mas esqueceu a data.
(*) alternativa - O Américo da Drogaria.

6 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Que maravilha!...Reviver é isto!...
As personagens, as estórias,o tempo, tudo são factores de muitas vidas.
Não tenho palavras

07/01/08, 13:59  
Blogger O Bicho disse...

Faltou dizer que este "1900 e tal" foi muito antes de 1974.

07/01/08, 14:24  
Anonymous Anónimo disse...

MAGNIFICO !!!

Pantas

07/01/08, 14:34  
Anonymous Anónimo disse...

Gostei Bicho.
É pena que os visados não leiam isto.

07/01/08, 22:27  
Anonymous Anónimo disse...

Lá na minha rua eu podia ser tudo
Bandido, Indio, Cowboy, Jogador
E quando vencia qualquer brincadeira,
Eu era o maior

Lá na minha rua eu podia ser tudo
Ter asas, voar, ser uma Aguia Real...
Em árvores pousava, construia o meu ninho,
Caía, aleixava-me e voltava a sonhar.

Ser um Astronauta, um Feiticeiro,
Pular e gritar ao redor do caldeiro
Ver olhos de espanto da criançada,
Fugindo correndo da tal caldeirada.

Lá na minha rua eu podia ver tudo
Um céu pintadinho de estrelas-cadentes,
A lua pertinho do final da rua,
Piscando, sorrindo, mostrando-se nua.

Lá na minha rua deixei registada
Uma infância feliz, onde podia tudo,
Rua de largos passeios, de luz, de brilhantes...
Rua dos meus sonhos, meu marco, meu mundo!!!

Pantas

P.S - Não sei de quem é, mas também é meu..:)

08/01/08, 13:43  
Anonymous Anónimo disse...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

08/01/08, 14:06  

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