quinta-feira, janeiro 31

o jantar


P'raqui estamos, ronrona o branco e preto,
esperando o jantar, que a D. Auzenda, está a preparar lá dentro, com as sobras do almoço.
Pelo que "snifei" no saco das compras quando ela chegou da praça, acho que hoje vamos ter peixe, mia o preto sentado na calçada.
Cheira-me que sim. O ar que passa aqui por baixo da porta tem aroma de peixe-espada, do preto, que é mais saboroso, ronrona o preto na soleira da porta.
Pessoal, não acham que hoje a "patroa" se está a atrasar? - mia agora o preto e branco - Já o sol se vai escondendo..!
Ah pois, parece que sim, diz o malhado amarelo, espero que a coitada não se tenha engasgado com alguma espinha ao almoço.
Ui..! Ou ela ou o Ti Albino. O pobre do homem está tão cegueta que já nem consegue ver o que tem dentro do prato, replica o Preto sentado.
Ai, ai, mal de nós, se a velhota fica doente. Tínhamos que mudar de poiso, continua o amarelado.
Ói, pêssoal!!! Cheguei, hã. Então, tá-se bem... há lugar para mais um, aqui na Travessa da Espera? Remelgou o pardo, de cima de um beiral.
Olha, olha, o nosso amigo pardo. Só faltava este, vadio do caraças, diz o branco e preto, vem só encher a mula e toca a andar, p'ra noite.
Vamos lá, gente, deixem-se de esquisitices. Já é quase de noite, por isso daqui a nadinha somos todos iguais, diz o pardo vadio, aproximando-se de rabo espetado no ar - "à noite todos os gatos são pardos" - então não é!!?

(Relatos Fabulosos, Crónicas da Cidade)

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