Noites 6
Porque era quinta-feira e dia 13,
alguma coisa havia de correr mal.
Pelas três da madrugada, o fresco ar condicionado (que eu não suporto) no quarto, obrigou-me a sair da cama para o terraço.
Cá fora, a temperatura do ar (37º C) é igual à do meu corpo (um tanto febril ainda em convalescença da pneumonia) e por isso e porque gosto de noites de calor, sinto-me perfeitamente bem e deixo-me dormir numa cadeira de repouso, embalado pelo manso rumorejar das águas do rio.
O sossego apenas interrompido pelo coaxar das râs e o distante latido de um cão algures na aldeia, na outra margem do Douro.
De resto, nem uma brisa, nem uma aragem, que refresque o ar trazendo alguma humidade do rio ali por baixo; nem em mosquito, nem uma melga, para me zumbir aos ouvidos, sugar o sangue e fazer comichão.
Coisa nenhuma... para perturbar o merecido repouso de um viajante.
Pimba!!! Alguma coisa me bateu, de raspão, na cabeça e me despertou. Abri os olhos e não consegui ver coisa alguma - um feixe de luz, branca, concentrada, incidindo directamente sobre a minha cara, deixava-me cego.
Porra!!! Um ataque de extra-terrestres na noite. Estou sozinho aqui, estou lixado...
Por instinto, ergui a mão à frente da cara para protejer os olhos da luz e localizei a origem do feixe luminoso.
Lá estava ele o ET, debruçado numa janela do piso de cima, voltada para o terraço onde me encontrava.
Às tantas, ele desviou um pouco a lanterna da minha cara e falou assim:
«Ó meu amigo, eu só lhe queria pedir o favor de ir ressonar para outro lugar, porque eu tenho a janela aberta e não consigo dormir.»
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