quinta-feira, setembro 22

Carta a um amigo p2


carta a um amigo americano (pág. 2)
Lx, 31-X-79
... enquanto sei e não sei, estou sentado à beira-mar, olhando o mar sem o ver. Na tal dança e contradança de pensar e não pensar enquanto sinto e não sinto, pressinto lágrimas no olhar e vou atirando pedras ao mar.”
É bem realidade este bocado de filosofia do ser e não ser, afinal do mais simples que pode haver. Isto já me tem acontecido muitas vezes, principalmente neste último ano em que tenho vivido mais ou menos sozinho, procurando refugiar-me na solidão, fugindo não sei de quê.
Andei por aí, pelo litoral Minhoto e espanhol, depois passei pelas Berlengas e finalmente pelos Açores, sempre só.
De tudo o que mais me soube bem foi estar uma semana nas Berlengas completamente desterrado do mundo civilizado, acompanhado só do meu sentimento de liberdade (apesar de preso num monte de pedra no meio do mar) e gaivotas aos milhares, sol, névoa, mar, peixes, lagartixas e coelhos. Nos Açores, gostei muito de ver a paisagem mas não gostei nada de lá estar; foi muito agitada a viagem toda.

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Gosto destas dissertações nostálgicas.
Fica apenas o senão do estado depressivo que as mesmas encerram.
Entendo-as perfeitamente porque os meus dias cinzentos vividos em Paris no final dos anos 60, me deram essa certeza.
Acorda Gigi, que a vida está a começar.
Quim

22/09/05, 10:16  

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