Carta a um amigo p1
Carta a um amigo americano (pág.1)
LX, em 31-Out-79
Zezito, meu amigo
Já te tenho dito (e se não disse foi porque me esqueci) como é difícil a vida aqui neste Portugal pequenino com’ò caraças onde há muita gente mais esperta do que inteligente: mas antes aqui do que aí, penso eu, e desculpa lá a má opinião mas eu acho que americanos inteligentes deve haver poucos, o que é uma pena. Mas isso é outro assunto que eu gostava um dia de conversar contigo; espero a oportunidade.
Por agora estamos navegando ao sabor das correntes, mas vamos lançando âncoras que apesar de não chegarem ao fundo, sempre ajudam a uma estabilização que virá mais cedo ou mais tarde, talvez com a maré baixa ou vazia.
E os dias mais felizes, finalmente são, aqueles em que as horas passam sem a gente dar por isso (ditosos são os dias em que se vive sem saber porquê…) porque os outros – a maior parte – são tramados de passar quando se tem a consciência desperta e se transporta o pensamento desocupado.
É, como diz um poeta meu amigo, "estar assentado à beira-mar a olhar sem ver o mar. Voa no meu pensamento a dança e a contradança de lembrar e de esquecer. Não sei se vou lembrar se vou esquecer..."
LX, em 31-Out-79
Zezito, meu amigo
Já te tenho dito (e se não disse foi porque me esqueci) como é difícil a vida aqui neste Portugal pequenino com’ò caraças onde há muita gente mais esperta do que inteligente: mas antes aqui do que aí, penso eu, e desculpa lá a má opinião mas eu acho que americanos inteligentes deve haver poucos, o que é uma pena. Mas isso é outro assunto que eu gostava um dia de conversar contigo; espero a oportunidade.
Por agora estamos navegando ao sabor das correntes, mas vamos lançando âncoras que apesar de não chegarem ao fundo, sempre ajudam a uma estabilização que virá mais cedo ou mais tarde, talvez com a maré baixa ou vazia.
E os dias mais felizes, finalmente são, aqueles em que as horas passam sem a gente dar por isso (ditosos são os dias em que se vive sem saber porquê…) porque os outros – a maior parte – são tramados de passar quando se tem a consciência desperta e se transporta o pensamento desocupado.
É, como diz um poeta meu amigo, "estar assentado à beira-mar a olhar sem ver o mar. Voa no meu pensamento a dança e a contradança de lembrar e de esquecer. Não sei se vou lembrar se vou esquecer..."
1 Comentários:
Faltou dizer que o amigo desta carta não é nenhum dos que está na foto. O Gigi à esquerda, o Carlos Camacho à direita e o Freitas do Amaral por detrás da objectiva.
São amores bem diferentes. Um, do tempo dos sonhos e das vacas gordas (José Carranquinha)e o outro (o da direita) companheiro da travessia do deserto e das sete pragas do Egipto.
A foto, fui eu que a tirei, numa das minhas incursões ao inferno destes Dante(s).
Quim
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