Nota de Viagem - 2
"Alto lá, aí!" - Ouvi dizer, quando aprontava o dedo para disparar, com a objectiva apontada ao edifício da CP.
Contrariedades, ou incidentes de percurso de um Foto(clandestino)Ciclista(errante), nos caminhos de Portugal.
Eis o caricato episódio, ocorrido no fim de tarde num lugar do Alentejo esquecido. Um local por onde passa muito pouca gente e onde, certamente, quase ninguém pára a não ser algum néscio turista que pense ir ali encontrar a famosa residência do Presidente dos EUA - a CASA BRANCA.
Na Estação dos Comboios, achei bons motivos para fotografar - candeeiros de iluminação; letreiros em azulejo; as canecas e os fios de telefone; etc...
"Tem autorização?" - Perguntou o gajo que, devia ser o chefe da estação, presumo, pois ele não estava fardado, não tinha nenhum emblema nem qualquer cartão de identificação, à vista.
"Para quê?" - Perguntei eu, depois de sacar a primeira imagem, e ao fim de um longo espaço de tempo, que demorei a perceber que ele falava para mim.
"Ora essa, para tirar retratos aqui." - disseram simultaneamente o homem da bilheteira, o factor, o revisor, dos comboios, o guarda da passagem de nível, o fiel do armazém e o chefe da família que habitava o andar superior do edifício da estação, todos reunidos quais heterónimos, na pessoa do único indígena que se avistava por ali.
"E preciso?" - foi a única coisa que consegui dizer, enqunto ele se aproximava.
"Pois atão, tá claro que precisa..."
1 Comentários:
É um defeito intrínseco do Português -dificultar a vida dos outros ou, pelo menos, não a facilitar!
E esta de fotografias autorizadas é um defeito maior por ser uma importação do estrangeiro!
Seve
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