quinta-feira, abril 19

Praia dos Putos


Há quarenta e tal anos, a Praia da Torre, "Era" do Pessoal da Porcalhota.

Nos quentes Domingos de Verão, era ver os autocarros do Eduardo Jorge, acartar as famílias, a mais o seu farnel, até Oeiras.
Era tanta a clientela, que as carreiras amarelas do Chora, até tinham que fazer vários (quem se lembra da designação?) desdobramentos!

Mas a maioria dos putos da Pedro Franco (e da Filarmónica) faziam quase sempre o percurso a penantes, pois o escasso pilim não dava para o bilhete da camioneta; por vezes lá conseguiam reunir uma poupança semanal para uma viagem (só ida ou volta); então, faziam-no preferencialmente no regresso, por três ordens de razão:

  1. No fim de um longo dia de praia as pernas acusavam o cansaço da intensa actividade física e (para alguns) o fôlego acusava o excesso de cigarros.
  2. Porque se faziam à estrada de manhãzinha cedo, não havia muito tempo para um pequeno almoço em condições e então lá iam andando e comendo parte do farnel preparado para o dia (assim até ficavam as sacolas mais levezinhas); com tudo isto, ao fim da tarde, a fomeca já apertava - daí que, quanto mais depressa chegassem a casa, melhor...
  3. Outra motivação, não menos importante, tinha a ver com os esquemas amorosos; se o dia corresse bem, podia dar para entabular conversações propícias a um relacionamento mais próximo com uma jeitosinha; ora bem, nesse caso convinha aproveitar a viajem de regresso para tentar chegar mais perto de um provável engate - às vezes até dava (oh, um prazer supremo!!!) para empernar.

E era assim, do caraças, a vida do Pessoal da Porcalhota, em meados do século passado, era vivida com um entusiasmo desmedido, que se manifestava nos mais simples pormenores, que gosto (gostamos) tanto de recordar, no LIVRO QUE ainda NÃO ESCREVI, dedicado aos AMIGOS PARA SEMPRE.

9 Comentários:

Blogger O Bicho disse...

Desculpem lá, eu abusar da escrita, neste post, mas... fui levado, quer dizer, deixei-me trasmportar pela emoção, numa viagem através do tempo, quando olhei para esta fotografia (de uma cena de telenovela) da Praia da Torre.

19/04/07, 12:58  
Blogger Carla D'elvas disse...

... prontos! és a minha wikipédia da porcalhota :)
as coisas q eu descubro aqui!
a praia da torre é linda :)
e á noite... fantástica!
escreve lá o livro... tb quero ler!
;)

19/04/07, 13:48  
Anonymous Anónimo disse...

É sim senhor tal e qual,

O nosso AMIGO GIGI É UMA
GRANDE MÁQUINA.

E quando de madrugada no caminho a penantes aparecia uma padaria a funcionar,Lá comíamos o pauzinho quente com manteiga.

É sim senhor tal e qual.

19/04/07, 18:36  
Anonymous Anónimo disse...

Até eu, que ainda sou do tempo que tinha-mos que sair da Camioneta, antes da subida de Leceia, senão a "gaja" não subia.. Ai que saudades do pessoal do Garrafão e dos tachos embrulhados em Jornal.. Uma vez até me cortei numa carica meia defeituosa de uma garrafa de Cerveja que tava à Beira Mar, enterrada na areia a refrescar.. E de vez em quando lá estava o Autifalante a anunciar.. - Encontra-se aqui junto ao banheiro um "Mitra" da Porcalhota que se encontra perdido dos pais.. He,he,he...

19/04/07, 22:24  
Blogger Kim disse...

Como não podia deixar de ser, cá o saudosista do menino, lembra essas idas à praia, como se fosse ontem.
Para mim, elas tiveram outro sabor. Eu era algo privilegiado, pois sendo pobre, até podia pagar o bilhete, mas a companhia dos amigos não tinha preço. Assim, fazia o que gostava e ainda me sobrava dinheiro (o que não gastava).
Demorávamos cerca de 3 horas a fazer o percurso.
Era todos os Domingos, a mesma romaria.
Gostei da efeméride Gigi.

19/04/07, 23:59  
Blogger RS disse...

Eu comecei por ir para a praia de Oeiras com a família - camioneta de carreira (e às vezes o desdobramento) até ao Liceu e o resto a "penantes", ida e volta todos os dias durante o período de férias dedicado à praia. A barraca de praia era alugada por 15 dias,à uma hora havia o ritual do farto almoço familiar de encher o bandulho, com direito a melancia e tudo. Só às 5 horas é que se podia voltar ao banho. uma ou duas vezes por semana tinha-se direito a uma "Pirâmide de chocolate" ou uma "Bola de Berlim", na "Rosa dos Bolos".
Quando comecei a trabalhar, comecei já a ter dinheiro para ir para a Torre com a "malta", para o Estoril e para a Costa da Caparica.

20/04/07, 01:57  
Blogger O Bicho disse...

EU BEM SABIA QUE VOCÊS SABIAM QUE:
"era assim, do caraças, a vida do Pessoal da Porcalhota;
era vivida com um entusiasmo desmedido, até nos mais simples pormenores;
que gostamos tanto de recordar, no LIVRO QUE ANDAMOS TODOS A ESCREVER;
aqui neste sítio, dedicado aos AMIGOS PARA SEMPRE!"
ESCREVAM MAIS, SEMPRE.

20/04/07, 09:54  
Anonymous Anónimo disse...

Que tesouros estarão sbmersos nas areias e no vaivem das ondas daquela praia, que podem testemunhar as histórias de vida das gerações, que por ali passaram.O retrato descrito nos comentários anteriores é fiel às minhas recordações.Recordo-me ainda das carroças enfeitadas que partiam do liceu «terminus da camioneta» para a torre e seguiam, por uma azinhaga de campo natural.Quemais posso dizer,conheci ali as primeiras paixões de adolescente e mais tarde via com apreenção os navios lotados com tropas para o ultramar.Hoje, quando lá paro sinto uma enorme nostalgia

20/04/07, 11:17  
Anonymous Anónimo disse...

Tambem foi a minha praia, mas nesse tempo, o meu grupo era o pessoal do Bairro do Bosque.
O Pimenta, o Valdemar, o António Rocha, o Cartaxo, o Alfredo, o Manuel Teixeira, (irmão do Xico) o Xico, o Falé,o Mota, o Amaral, o Victor, o Toninho, o Zé, o Armando, o Rogério, o Humberto...,e tantos que andam não sei por onde...falta aqui um KIM que junte esta gente.
xl

20/04/07, 21:47  

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