terça-feira, outubro 30

Carta de Passeante 5


QUARTO - "O METRO"

O Bicho, lingrinhas do caraças, sentia-se gordo, de tão farto que ficou após o almoço com o Pessoal, na tasca do costume, na Venda Nova. Até lhe custa (oh, isso foi do bagacinho) um bocado descer as escadas de entrada para a estação do Metropolitano. Estação terminal da linha cor de não sei qual, das 4 cores (verde, amarela, azul, encarnada) das linhas do Metro de Lisboa.

Essa coisa das cores, para mim, foi uma grande trampa de ideia. Ainda não consegui memorizar quais é que são quais. Agora, imagino como é que seria, "estou mesmo a ver, o pessoal em Paris a orientar-se por (14) cores nas linhas do Metro"?

Enquanto pensava nisto, O Bicho, revia as imagens da primeira vez que viajou no Metro de Paris.

Inesquecível a emoção... os primeiros passos, quase correndo para acompanhar o passo rápido do amigo Kim, na rede de túneis de acesso à estação (Porte Quelque-Chose) da linha (4?), que servia o terminal de autocarros oriundos do Aeroporto de Orly.

Ainda não tinha percorrido cem passos, desde a entrada do túnel, quando ouvi um franciú atrás de mim chamando, "Monsieur!
Attendez, s'il vous plaît, monsieur." Virei-me para trás, por curiosidade, sem sequer me passar pela cabeça que, o "tal monsieur" era eu.
"Porra!!! Qué queste gajo quer? Ainda agora cheguei, qué queu fiz?", foi o flash no pensamento, ao aperceber-me que ele se dirigia rapidamente para mim.
"Votre appareil photografique. Il est tombé, là-bas, dans l'escalier", disse o educado franciú, estendendo a mão com a minha máquina fotográfica. Tinha-me caído do bolso do blusão.

Fiquei tão surpreendido, pasmado, impressionado, que quase nem consegui agradecer. Espantoso! Logo à chegada à Cidade Luz... onde sempre tinha ouvido dizer que, tal como em Londres e Nova Yorque, ninguém pára na rua por causa de ninguém. Nem olham para os que se cruzam com eles nos passeios.

Nem pensar em pedir alguma explicação ou ajuda a um transeunte dessas grandes metrópoles - não têm tempo e até ficam desconfiados, receosos, se um desconhecido os aborda inopinadamente no passeio de avenida.

Mas isso é outra história...
Por agora, estamos na Porcalhota de Baixo e acabou a viagem da escada rolante. Catrapimba, um grande tropeção na borda da escada. "Dassse!!! Ía-me espalhando, caraças!"

AMADORA ESTE. Porque não, AMADORA LESTE?
Então não era mais fácil dizer, "amadoraleste, amadoraleste"repetia, entre dentes, Jonatan. Pois claro! Tal como TIMOR LESTE, que por acaso, sempre achei que era mais fácil dizer TIMOR ESTE. Repete baixinho, "timoreste, timoreste, timoreste".
Ora nem mais...
Bilhete ida-e-volta para a Baixa - 1,90€. Tá bem. Vamos andando...

3 Comentários:

Blogger O Bicho disse...

Isto está um bocado baralhado. Umas vezes na 3ª pessoa, outras na 1ª, o narrador, OBicho, o Joca - precisa tudo de ser revisto.

30/10/07, 15:40  
Blogger Kim disse...

Pas de probleme, Bicho. A gente entende.
Não é por causa desse gesto bennevolente do franciu, que vou deixar de achar que o chauvinismo impera, mas há sempre gente humana em todos os lados.
Em Porte Maillot ou em Amadora Este os interlocutores podem ser os mesmos que a banda continuará a passar.
Tenho saudades de ti atrás de mim, nos boulevards de Paris e nos Cromeleques dos Almendras.
Ai Senhor Kim - Senhor Kim, gosto muito de si!

30/10/07, 15:48  
Anonymous Anónimo disse...

Ai o Bagaçito... :) :)

31/10/07, 14:50  

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