Bom Dia 4
(Posto da GNR da Porcalhota)
Tivemos em Portugal um casal de ladrões, assassinos e apaixonados - Diogo Alves e a Parreirinha, ao melhor estilo de Bonie & Clide, só que 100 anos antes.
Diogo, emigrante Galego em Lisboa, onde durante pouco tempo, viveu mais ou menos honradamente até que a ambição e as más companhias do costume, fizeram do jovem cordeiro, um lobo sanguinário e voraz.
Um dia, conheceu na Porcalhota, aquela que foi o seu único e verdadeiro afecto - a Parreirinha, que era mais velha do que ele, e mãe de dois filhos. Por sua vez, ela, que nem dos filhos gostou, encontrou nele a sua alma gémea. Viveram durante algum tempo na Porcalhota, onde ela era taberneira, mas era em Lisboa que actuavam.
Uma vez, alugaram um andar, por cima de uma capelista de quem a Parreirinha se fez muito amiga. Certa noite, depois de terem aberto um buraco, por cima da cama da mulher, manietaram-na, amordaçaram-na, e por fim, aliviaram-na do muito oiro e dinheiro, que ela tinha em casa, fugindo de seguida para o seu tugúrio na Porcalhota.
Entretanto, Diogo arranjou (ao que dizem uma chave falsa) maneira de entrar no Aqueduto das Águas Livres, o qual passou a servir de esconderijo e local para emboscadas a lavadeiras e camponeses de Caneças e caixeiros viajantes que utilizavam o passadiço superior do Aqueduto para fazer a travessia do vale de Alcântara, directamente do Monsanto para Campolide.
Lá em cima, junto do arco mais alto, como que vindo do céu, surgia de sopetão Diogo Alves, que depois de retirar tudo quanto os desgraçados viajantes traziam de valor, os mandava direitinhos para o inferno, em voo picado cá para baixo. Depois, calmamente, acoitado o producto do roubo, tinha o desplante de descer abaixo ao vale para apreciar o estado em que ficavam as suas vítimas (verificar se estavam bem mortos?), chegando a comentar para os curiosos que rodeavam a cena – “que pena haver tanta gente a escolher aquele lugar para pôr termo à vida”. A coisa, repetiu-se tantas vezes, que as autoridades mandaram encerrar o passadiço do aqueduto, a fim de refrear a estranha onda de suicídios.
Mas, descobriu-se tudo e como tudo tem um fim, certo dia, por causa de um golpe que correu mal, o facínora foi apanhado, preso, julgado e condenado à forca.
Dizem que quando o enforcaram, em 1841, ele já estava morto. Aquele duro coração, não resistiu ao medo da morte - foi afinal um cobarde.
Os cientistas médicos da época, mandaram cortar-lhe a cabeça para a estudar - queriam saber em que parte do cérebro do bandido, se escondia tanta maldade.!?
Ainda hoje se pode ver, no museu, conservada num frasco de formol.
E ela? Condenada ao degredo perpétuo em África, por lá terá morrido.
Ao contrário dos outros casais famosos no mundo do crime, no estrangeiro, estes dois pombinhos da marginalidade, não morreram juntos como seria de esperar.
Justificando de certa forma, o que disse Júlio Dantas:
“Oh, como é diferente o amor em Portugal”. E a justiça também, digo eu(*).
(*) Eu, a Maga - que compôs esta narrativa para pubblicar aqui no PP.
7 Comentários:
Uma lição de história é sempre benvinda.
Obrigado maga gente.
Deste edifício lembro-me muito bem. Depois da GNR esteve lá uma Escola Primária e agora nem sei o que lá existe.
Diogo Alves era bem mais maquiavélico que Clyde Barrow.
A Parreirinha era também o nome da taberna do pai do Bicho. na localidade da Porcalhota, filha de D.Porcalho.
Conta mais coisas Maga.
Maga ou Maya?
Na verdade, estes nomes - magas, bruxas - podem levar a confusões.
A MAGA, uma amiga, leitora assídua do P.P. que aprecia histórias da história da Porcalhota.
A MAYA, minha Prima, não conhece o P.P. e não gosta nem desgosta das histórias da Porcalhota.
Desta tambem eu me lembro, frente ao (antigo) Quartel dos Bombeiros, e sim, existia uma Escola Primária ao lado, hoje tambem não sei, e tambem nao sabia que estes dois "Mitras" tinham morado na Porcalhota, ja tinha lido a historia deste assassino do Aqueduto, mas não sabia o resto.. Boa Historia.. ;)
Pantas
P.S - Ja repararam na foto?? dois Gordos Lateiros, mesmo GNR's.. e o puto?? tem pinta de larápio..
Certo,
a Escola sempre existiu no 1º andar deste palacete.
A entrada era num grande portão mais acima.
Figuras castiças, típicas, bem características do tempo e do lugar.
Os barrigudos "brogessus tipicus" GNR's.
O lingrinhas, cabelo cortado "à pedrada" do porcalhotensis tipicus.
Ao apelo de jroma ao associativismo colectivo recreativo
Querem fechar o Grémio Lisbonense
É a segunda mais antiga colectividade do país
JMB / Os Amigos do Grémio - Segunda-feira, 17 Dezembro, 2007
A segunda mais antiga colectividade do país, fundada em 1842 e situada em pleno Rossio, no coração da baixa pombalina de Lisboa, está há algum tempo ameaçada por interesses privados – diz-se que os Pestanas querem lá instalar mais um hotel. Agora recebeu a última ordem de despejo. Não valeram de nada os recursos. E de nada valeram – até agora – os apelos à Câmara Municipal, às forças políticas parlamentares ou ao Ministério da Cultura, em geral mais sensíveis aos negócios privados do que à vida associativa.
Nos últimos anos, a colectividade teve um novo impulso com a entrada de jovens activistas que lhe trouxeram energias renovadas. Variadas iniciativas de cultura, debate, exposições ou simples convívio têm feito daquela casa um importante “espaço aberto de carácter social e cultural”, como afirmam no seu Apelo os amigos do Grémio Lisbonense. “O Grémio está vivo e não pode fechar! Queremos devolvê-lo à cidade, aos seus habitantes e aos que por ela passam, aos artistas e promotores das mais diversas actividades”, dizem.
É preciso apoiar este espaço, chamando à responsabilidade os políticos do sistema que repetem belas palavras sobre a cidadania e a participação democrática. “Não podemos deixar que se dê mais uma machadada na vida do centro lisboeta! “
Quem passar pelo Grémio poderá subscrever o abaixo-assinado. Ou então no endereço internet: http://www.petitiononline.com/GREMIO/petition.html.
(retirado do jornal popular Mudar de Vida
FR
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