sexta-feira, dezembro 14

a Bicicleta


No largo da Parreirinha - confluência da R. Elias Garcia com a Est. dos Salgados.
A porta com postigos, deste pardieiro, era a entrada do armazem da mercearia da minha sogra.
  • Sacas, com batatas, cebolas; grão; feijão (branco, catarino, manteiga, encarnado, frade), açúcar e milho também.
  • Caixotes, com barras de sabão (amarelo ou azul e branco), sabonetes (o Lux, o Palmolive) mais finos e bem cheirosos.
  • Garrrafões, os da lixívia, do óleo e os grandes garrafões do azeite, próprios para reabastecer o depósito da geringonça mais interessante que havia na mercearia, a Medidora de Balcão (AVERY, creio eu, era a marca, aferida periodicamente pelos fiscais da Câmara Municipal) que também se utilizavam na drogaria e no carvoeiro, para medir petróleos e líquidos afins, que podiam ser vendidos à medida das necessidades do freguês.
  • Fardos, duas ou três vezes por ano, havia Fardos de Bacalhau. Sim, fardos, digo bem, peixes salgados inteiros, espalmados, atados em molhos com cordas de sisal. Era assim que o Fiel Amigo, chegava ao armazém. Depois, na venda ao público, era cortado às postas, à vontade do freguês, com aquele facalhão de meio metro (a Faca do Bacalhau), fixado à pedra do balcão da mercearia, numa engrenagem, espécie de guilhotina, fatal para a real família do Gadus Morua.
  • Latas e latões, com o tradicional Atum de Barrica, atum fresco conservado em água e sal, para vender ao peso; e mais conhecido que eu sei lá - Bacalhau Remolhado - o bacalhau já cortado em postas, mergulhadas em água, para expôr, à porta da mercearia, dentro de um alguidar, que as donas de casa das famílias menos abastadas, podiam comprar à posta, ou seja à medida das suas posses (ou necessidades) já prontinho a cozinhar.

A janela, estilo montra, virada para a Elias Garcia, era o poiso preferido do meu sogro, quando entretido nos pescates de sapateiro, a sua antiga profissão, antes de migrar de Aljustrel para a Porcalhota. Aqui, já só tratava do calçado da família, de algum compincha de copos, mais necessitado, ou de uma ou outra vizinha com mais jeitinho para pedir favores.
Era o "hobbie" do TiZé, nos intervalos da distribuição de compras ao domicílio e das paragens na tasquinha para reabastecer de combustível (sempre do tinto) a bicileta pasteleira.
Ahhh, a Bicicleta!!!
Era aquilo que me levava a gastar algumas horas do meu tempo livre, encafuado no armazém, apreciando o trabalho de remendeiro do TiZé da Mercearia. Era o tempo de arranjar coragem e à-vontade suficientes para lhe pedir emprestada a bicicleta, para ir dar uma voltinha pela Estrada dos Salgados.
Pois, no princípio, era a Bicicleta.
Alguns anos depois, o objectivo passou a ser: a Bicicleta e a Marieta, a filha do meu sogro.
Depois... bem, foi o que já se sabe. Hoje, já só me interessa novamente a Bicicleta!!!

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Ah,ah,ah,ah,ah,ah!!!!!!!!!!!!

Pantas

14/12/07, 16:32  
Anonymous Anónimo disse...

E a bicicleta tem rodas dentadas, que às vezes - mordem!
Foi-se a Mariete. Ficou o fotociclista.
Estas mercearias tinham uma mística especial, mas reconheço que é bem melhor escolher na abundância dum supermercado.
Também não me lembro deste edifício.

15/12/07, 11:14  

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