sábado, dezembro 4

Mas, afinal, onde é que eu estava

no 25 de Abril?
Aqui mesmo, no largo do Carmo.
Cá está, vê-se perfeitamente, podem confirmar que estava lá, e do lado de cá, do lado do povo. Felizmente, já havia reporteres bons a tirar fotografias, porque senão, estava tramado. Ufff!
Acordei bastante tarde nesse dia porque (estava com baixa) tinha passado um bom bocado da noite anterior a trocar impressões, com uma amiga da Amadora, acerca do livro que ela me tinha emprestado para ler – “Os Subterrâneos da Liberdade”, de Jorge Amado.
A minha amiga: Maria.
Conheci a Maria no comboio para o Rossio quando ela ia para a Escola de Freiras e eu para o Colégio de Padres, curiosamente ambos na Rua do Salitre. Foi um espanto reencontrá-la alguns anos depois, já tão esclarecida politicamente antes do 25 de Abril. E depois da revolução chegou a ter algum relevo na SFRAA. Foi uma activista importante no despertar de algumas consciências no seio da Sociedade (não só a Filarmónica) da Porcalhota. Muita gente daquele tempo se deve lembrar da Maria. Os que embirravam solenemente com ela (ou com as ideias dela) como o Quim e os outros que achavam o contrário. Eu próprio estive diversas vezes em desacordo com a forma radical que utilizava para impor os seus ideais, penso eu, especialmente na altura em que fiz parte de uma direcção.
Mas, voltando atraz, afinal foi por causa da Maria que não ouvi as notícias nem me apercebi do que estava a suceder naquela noite.
Posso dizer que cheguei ao largo do Carmo sem grandes problemas e também sem perceber muito claramente o que se estava a passar ali. Fui andando atrás do pessoal que se ia juntando e pronto, assisti a tudo na primeira fila.
As minhas fotos desse dia ficaram uma trampa porque ainda não tinha, aquela máquina, a Nikon que fui comprar (com o Quim) a casa de um “Bruxo” ali para os lados da Av. Almirante Reis. Era de contrabando e custou 12 contos, mas valeu bem o investimento pois ganhei muita massa e diverti-me em grande a fazer fotografias durante os anos seguintes. E ainda funciona!

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Não me lembro de te ver no Largo do Carmo, mas até percebo. Estavamos em lados opostos, ambos em riste, tu de punho no ar e eu de Minolta.
Foram 2 dias que me pareceram ser os 15 minutos de fama a que todos temos direito.
De calças rasgadas, por essa Lisboa fora, em cima dum JIPE que mais parecia um tractor,ora recebendo à direita um cravo, ora à esquerda uma sandes, ia furando as multidões endiabradas que já esqueceram Abril.
Também eu estava lá. Sem saber bem a fazer o quê, mas eatava lá porque "manda quem pode".
JR

06/12/04, 14:17  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial