Uma das raras (duas ou três) fotografias onde estou eu com o meu Pai.
Tem mais de 50 anos esta imagem. Era o tempo em que eu brincava, como todos os outros miúdos da minha idade, nas ruas da Porcalhota, sem qualquer preocupação de horário, ou de andar mais ou menos longe de casa.
"Desse tempo, guardo uma lembrança pouco usual para a maior parte das pessoas - um assobio.
Era o sinal de recolher, o fim das brincadeiras do dia, quando o meu pai chegava à esquina da rua e assobiava com força, duas ou três vezes. Até um ou dois quilómetros de casa, eu distinguia perfeitamente aquele som. Estava na hora de fazer a última jogada do bilas, meter o pião e o cordel no bolso, pegar na gancheta e no arco e correr azinhaga abaixo até à nossa rua."
Tão distantes - e tão poucas - as memórias do meu pai...
Sinto um nó na garganta. Gostava muito que os meus filhos tivessem conhecido o seu Avô. Mais ainda, gostava que o meu Pai tivesse conhecido os seus Netos.